A BUNDA QUE ENGRAÇADA
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo.
A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora — murmura a bunda — esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gémeas
em rotundo meneio.
Anda por si na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria.
E ama.
Na cama agita-se.
Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda.
Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
redunda.
in O Amor Natural, Carlos Drummond de Andrade
Eis um poeta Escorpião.
3 Comments:
Adorei!!!!
Nunca tinha pensado nisso, mas ta certo! A parte do corpo k mais se diverte, a mais feliz deve ser mesmo a bunda!
Ate caga p tudo e todos e n sente remorsos..ahahahah
Bem observado Minds.
Mas para nós a coisa é mais sensual...cada um vê o que quer ;o)
Ele era mágico com as palavras.
Faz muita falta.
Bjo
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