terça-feira, setembro 19, 2006

Se eu fosse uma colher.

Andaria sempre à procura do que me preencher.
Não porque, não me sentiria bem sozinha ou acompanhada de outros talheres, mas sim, porque este é o propósito das colheres.
Não seria uma colher especial, seria como todas as outras, aquelas que alimentam a família nos dias da semana e que nas ocasiões mais importantes são deixadas na gaveta. Ou porque já estão mais usadas, ou mais velhas, ou mais vistas...ou simplesmente porque fazem lembrar todos os almoços e jantares de sempre, em que o objectivo único é comer.
Elas mexem, transportam, buscam, mergulham...
São lambidas, repousam na boca porque a forma se adapta tão bem á língua...e no fundo é como se elas fizessem parte de nós.
Conheceria as bocas de toda a gente, sentiria o calor que o prazer da satisfação provoca, e os bruscos choques termais da passagem de um gelado para a cova bucal.
Mexeria o leite com chocolate, o arroz doce na panela, o boca doce carente de mexidas constantes, o chá sedento de açucar.
Não seria feliz, ou triste. Saberia qual era a minha função, sem dúvidas.

3 Comments:

Blogger LucioInferro_Adolfo said...

Parabéns Madamblabla...está sensual.
Este texto toca nos sentidos ao de leve.

terça-feira, 19 setembro, 2006  
Blogger LucioInferro_Adolfo said...

Tb gostei muito!

Obrigado

terça-feira, 19 setembro, 2006  
Anonymous Anónimo said...

mto giro, gostei mto!!! consegues causar uma reflexão sobre as colheres e as suas utilidades!!! fikei com vontade de comere um iogurte!!! obrigado por estes 40 segundos de completa apatia!!!
obrigado por seres quem es!!
mas mantem-te afastada!!!

quarta-feira, 20 setembro, 2006  

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